• ‘Só Toninho Lima sobrevive no mercado do Toninho Lima’. Por Roberto Sá Filho

    Toninho Lima

    Toninho Lima é um daqueles profissionais do mercado publicitário que dispensam apresentações. No entanto, e felizmente!, a Janela é lida por pessoas fora do mercado, a quem se faz necessário o básico sobre alguém, porque o texto do Roberto Sá Filho, o Betão, diz muito mais.

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    Redator Estratégico Sênior da NEXT, Toninho, além de sua trajetória pelas agências de maior expressão, é um querido amigo desta Janela e, frequentemente, colabora com seus textos deliciosos. Mas por aqui, hoje Toninho é o protagonista, o assunto, muito bem traduzido pelo Betão – foto abaixo.

    Roberto Sá Filho (2020)

    “Antes de mais nada, peço desculpas públicas e formais ao meu amigo Toninho Lima por usar seu nome neste texto. Ó Toninho, não me culpe: sua trajetória é tão emblemática que resiste a qualquer tentativa de anonimato. E, convenhamos, se o mercado publicitário é um deserto cheio de miragens, você é o oásis que insiste em permanecer.

    Me lembro de quando entrei no mercado, há uns vinte e cinco anos, como um estagiário que acreditava que o café da agência era feito com grãos e não com lágrimas. Naquela época, a criação era um território quase exclusivo de jovens. Os mais velhos? Raros, quase peças de museu, e ainda assim valiosos. Hoje, ironicamente, o cenário mudou: envelhecemos todos, e de repente a juventude virou minoria numa profissão que jurava ser eternamente adolescente.

    Toninho, no entanto, não apenas sobreviveu: ele se reinventou. Viu a chegada do computador, da internet, das campanhas digitais, e, mais recentemente, das inteligências artificiais que prometem criar sozinhas, mas que, no fundo, ainda precisam de alguém como ele para não parecerem planilhas mal-humoradas. Toninho encarou cada novidade com a serenidade do epíteto que lhe cabe: resiliente.

    E aqui reside o paradoxo: um mercado que se transforma a cada instante, mas que só mantém os que não têm medo de envelhecer dentro dele. Enquanto muitos partiram ou, em eufemismo publicitário, “foram buscar novos horizontes” Toninho permaneceu. Não de passagem, mas ativo, atuante, presente.

    Ele aprendeu, se adaptou, inovou. Andou, correu, voou. E sempre com a leveza de quem sabe rir da própria sorte, usando a ironia não como defesa, mas como estilo de vida.

    E se a publicidade que muda de direção sem aviso, como explicar um profissional que atravessa todas as tempestades e ainda chega sorrindo ao happy hour? Talvez porque Toninho tenha entendido cedo que sobreviver nesse ofício não é questão de idade, mas de postura. De permanecer jovem mesmo quando o mercado envelhece.

    E é por isso que ouso dizer: neste mercado mutante de Toninho Lima, só Toninho Lima é capaz de trabalhar com Toninho Lima. O resto de nós vive tentando não ser engolido pela próxima onda de dados, métricas e influenciadores instantâneos.”

    Renata Suter

    Jornalista

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